Aniversário de Osasco
Nesses 57 anos desde aquele 19 de fevereiro de 1962 a história avoluma-se feito enciclopédia. Os osasquense de 1962 estão aí e são testemunhas de um movimento que casava com um período tenso da democracia brasileira. Sim, quando Osasco arvorou a bandeira independendo-se da administração política de São Paulo, eles ouviam marchas nos quarteis e o toque do clarim anunciando uma alvorada militar sobre o Brasil.
Mas esse momento foi coincidência e não intencional. Nenhum osasquense via a emancipação como um ato de provocação nacional. No entanto, o primeiro prefeito eleito, Hirant Sanazar, pagaria o preço ao ser acusado de traição ao regime patriótico por se associar com comunistas.
Isso porque o novo regime não gostou nada da separação de Osasco. Afinal, os anos 60 estavam no início e a chama da ditadura começava a arder. Foi preciso muita luta para que o prefeito de Osasco não padecesse sob os coturnos federais, mas o fato é que Hirant Sanazar amargou por toda vida a marca dessa perseguição.
Tanto que só em 2015 é que ele foi honrado como prefeito pela municipalidade, 17 anos após a morte. Assim, dois anos atrás a cidadania osasquense reparava um erro histórico pela honra de Hirant Sanazar, vítima do regime militar.
Esse fato exemplifica muito bem a situação política do País nos anos 60 e quando os osasquenses decidiram pela emancipação. Mas como já foi dito, 19 de fevereiro de 62 não foi uma data pensada e sugerida como algum tipo de ato revolucionário. Não, os cidadãos de Osasco apenas queriam a liberdade política, queriam cuidar da própria casa, já que São Paulo não dava conta.
Isso é tão verdadeiro porque a festa que tomou as ruas da cidade 55 anos atrás, foi lançada dez anos antes. Os emancipadores não surgiram do nada para lançar o movimento. Essa ideia teve a primeira semente em agosto de 1952, data que marca a primeira campanha pela separação de Osasco.
Um ano depois, em dezembro de 1953, os osasquenses estavam nas ruas para um plebiscito, já incomodando o governo paulista. As reuniões e as manifestações seguiriam por mais tempo. Assim, em 1957 os emancipadores voltaram às ruas pela segunda campanha por uma Osasco independente.
O cidadão era participativo e integrado nessa luta, tanto que em dezembro de 1958 uma grande ação popular foi notícia em todo País. Osasco já não cabia mais dentro de São Paulo e as ruas e os protestos eram prova disso.
Cinco anos após o primeiro plebiscito, eis os osasquenses novamente na luta pelo sim da emancipação, e o segundo plebiscito deu-se em 21 de dezembro de 1958, sendo a gota política para convencer o Estado. Na semana seguinte, dia 27, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprova a Lei 5.121 que criava o município de Osasco. E três dias depois o presente de ano novo foi a publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo. Portanto, a partir de 31 de dezembro de 1958 Osasco deixava de ser um bairro paulistano e recebia o título de cidade.
Eleições foram marcadas para 7 de janeiro de 1962, mas teve liminar do Estado derrubando as urnas, adiando-as para o dia 11 do mesmo mês. Os emancipadores seguiam na batalha e protestavam contra a linha dura do governo – foram até o Museu do Ipiranga e trouxeram fogo simbólico para um monumento no Largo de Osasco.
Todo cidadão que passava pelo centro da cidade, ao ver aquela pira sabia que alguma coisa não estava bem e que o momento era de atenção. Essa pira de alerta reforçou a unidade de Osasco e no início de fevereiro a cidade partiu para uma manifestação tensa e pesada contra o governo e a favor das eleições.
A pressão foi tamanha que o Tribunal Regional Eleitoral não suportou a carga e marcou eleições municipais para aquele mesmo 4 de fevereiro de 1962. Nessa data, portanto, os osasquenses foram às urnas e elegeram Hirant Sanazar prefeito, mais a primeira turma de vereadores.
Três dias depois a cidade estava em festa, diplomando os vencedores das urnas. Na semana seguinte, dia 19, Hirant Sanazar era empossado prefeito, assim como os vereadores à Câmara Municipal. Essa é a data que marca o aniversário político-administrativo da cidade. Mas como já foi contado, há outras datas nessa história.
Em termos de nascimento, usando uma linguagem bem simples, Osasco não foi decretado município em 19 de fevereiro de 1962, mas na publicação do Diário Oficial de 31 de dezembro de 1958. E há uma outra data histórica, quando Osasco foi elevado à categoria de Comarca, isso em 3 de junho de 1966.
Quanto aos heroicos emancipadores, vários anos após toda essa história eles resolveram que aquele grupamento não podia ficar disperso. Todos estavam sempre juntos, ano a ano reviam as aventuras e riscos que correram nas ruas da cidade e, para que a história deles não se perdesse foi criada a Ordem dos Emancipadores de Osasco, em 19 de fevereiro de 1974, doze anos após a conquista política e com o Brasil ainda fervendo sob a ditadura.
A PRIMEIRA ADMINISTRAÇÃO DE OSASCO
– prefeito
Hirant Sanazar (de 19 de fevereiro de 1962 a 27 de junho de 1964
– vice
Marino Pedro Nicoletti
– intervenção militar
Hiranti Sanazar foi derrubado pela ditadura e o vice foi nomeado como interventor pelos militares, de 19 de fevereiro a 31 de dezembro de 1966.
VEREADORES
Orlando Calasans, presidente
Alfredo Thomaz, vice
Adevaldo José de Castro, 1º secretário
Clóvis Carrilho de Freitas, 2º secretário
Clóvis Assaf, 3º secretário
Anízio Nunes
Aymoré de Mello Dias
Benedito Ventura Nitão
Cid Sérgio Alcântara von Puttkammer
Esmeraldo Vieira Malagueta
João Catan
João Emilio Bornacina
João Gilberto Port
Joaquim Fraga
José Guizi
Marino Lopes
Moacyr de Araújo Lopes
Osler de Almeida Barros
Octacílio Firmino Lopes
Pedro Furlan
Primo Broseghini
Vicente Florindo Netto
Fonte:
https://qgnoticias.com/55-anos-emancipacao-de-osasco-data-quatro-anos-antes-de-1962/?fbclid=IwAR2X48RNy85DGcYgkz_hDSaoIpy_CZx8Txepz26X-glkyOJULUiN4-YTZI8
